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João Gilberto - O pai da Bossa Nova

João Gilberto Prado Pereira de Oliveira

 Quem me conhece sabe que venho de uma família de músicos.
Papai tinha seu conjunto "SAIRAM". Minha mãe, antes de se casar dava suas aulas de acordeon. Meu irmão toca violão, tem uma voz potente e afinada, já teve bandas e fanfarras, escolas de samba e hoje canta em seu Bar e Lanchonete Dançante "Mangueira". Todos os domingos à noitinha minha mãe faz aquela produção e vai para seu show. Sempre gostou muito de cantar. É um repertório de músicas sertanejas do tipo "Raiz", onde contam com a participação de outros músicos, fãs e frequentadores assíduos que se encantam com a simplicidade do lugar.
Bem, eu por minha vez, já tive meus momentos cantando jingles, fazendo participações em gravações de discos, dando aulas de violão e às vezes cantando em alguma banda de rock da cidade.
Dessa forma estou criando essa página para homenagear esse músico singular que dispensa comentários. Ele sempre foi único!

 
     Nascido em Juazeiro, 10 de junho de 1931 João Gilberto é um músico brasileiro, considerado o criador do ritmo bossa nova.
Dentro de uma semana, no próximo dia 10 de Junho, o pai da Bossa Nova,  completa 80 anos.

"João...onde quer que você esteja, Feliz Aniversário!
Que a beleza, a perfeição e o mistério de sua música permaneça para sempre em nossos corações."
Uma pequena homenagem dessa humilde fã, que começou a tocar violão aos 14 anos influenciada pelo seu toque incomparável! 

Silvinha
Biografia

Nascido na Bahia, na cidade sertaneja de Juazeiro, João ganhou um violão aos 14 anos de idade, e, desde então, jamais o largou. Na década de 1940, adorava escutar de Duke Ellington e Tommy Dorsey até Dorival Caymmi e Dalva de Oliveira. Aos 18 anos decide se mudar para Salvador com intenção de ser cantor de rádio e crooner. Em seguida, foi para o Rio de Janeiro, em 1950, e teve algum sucesso cantando no grupo Garotos da Lua. Entretanto, foi posto para fora da banda por indisciplina, passando alguns anos numa existência marginal, ainda que obcecado com a ideia de criar uma nova forma de expressar-se com o violão. Seu esforço finalmente foi recompensado e, após conhecer Tom Jobim - pianista acostumado à música clássica e também compositor, influenciado pela música norte-americana da época (principalmente o jazz) - e um grupo de estudantes universitários de classe média, também músicos, lançaram o movimento que ficou conhecido por bossa nova.


Bossa Nova

O ritmo da bossa nova é uma mistura do ritmo sincopado da percussão do samba numa forma simplificada e a ao mesmo tempo sofisticada, que pode ser tocada num violão (sem acompanhamento adicional), cuja técnica foi inventada por João Gilberto. Quanto à técnica vocal (parte integral do conceito de bossa nova), é uma técnica de cantar em tom de voz uniforme, com voz emitida sem vibrato, e com um fraseado disposto de forma única e não-convencional (ora antecipando, ora depois da base rítmica), e de forma a eliminar quase todo o ruído da respiração e outras imperfeições.
Apesar da fama com a então recém-criada bossa nova, sua primeira gravação lançada comercialmente foi uma participação como violonista no disco de Elizeth Cardoso de 1958 intitulado Canção do Amor Demais, composto por canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Pouco depois desta gravação, João Gilberto gravou seu primeiro disco, Chega de Saudade. A faixa-título, composta por Tom e Vinicius e que também aparecia no álbum de Elizeth Cardoso, foi sucesso no Brasil, lançando a carreira de João Gilberto e, por consequência, todo o movimento da bossa nova. Além de Chega de Saudade no lado "A", o disco trazia no outro lado a canção Desafinado, de Tom e Newton Mendonça. Este disco foi seguido de outros dois, em 1960 e 1961, nos quais ele apresentou músicas novas de uma nova geração de cantores e compositores, como Carlos Lyra e Roberto Menescal. Por volta de 1962, a bossa nova tinha sido adotada por músicos de jazznorte-americanos, tais como Herbie Mann, Charlie Byrd e Stan Getz. A convite de Getz, João Gilberto e Tom Jobim fizeram aquele que se tornou um dos melhores álbuns de jazz de todos os tempos, Getz/Gilberto. Com este álbum, Astrud Gilberto esposa de João Gilberto na época, se tornou uma estrela internacional, e a composição de Jobim "Garota de Ipanema" (em sua versão em inglês, "The Girl from Ipanema") se tornou um sucesso mundial, e modelo pop para todas as idades.
João Gilberto continuou a fazer espetáculos na década de 1960, porém não lançou outros trabalhos até 1968, quando gravou Ela é Carioca, durante o tempo em que residiu no México. O disco João Gilberto, algumas vezes chamado de "o álbum branco" da bossa nova (em alusão ao álbum branco dos Beatles) foi lançado em 1973, e apresenta uma sensibilidade musical quase mística, sua primeira mudança de estilo perceptível após uma década. O ano de 1976 viu o lançamento do disco The Best of Two Worlds, com a participação de Stan Getz e da cantora Miúcha, que se tornara a segunda esposa de João Gilberto em abril de 1965, com quem tem uma filha, a cantora Bebel Gilberto.
Amoroso, de 1977, teve os arranjos de Claus Ogerman, que buscou uma sonoridade similar à de Tom Jobim. O repertório era composto de velhos sambas e alguns padrões musicais norte-americanos da década de 1940.
Nos anos 80 no Brasil, João Gilberto colaborou com Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia (criadores, em fins da década de 1960, do movimento conhecido como Tropicália). Em 1991 lançou o disco João, que não tinha nenhuma composição de Tom Jobim. Ao invés disso, teve trabalhos de Caetano, Cole Porter e de compositores de língua espanhola. João Voz E Violão, lançado em 2000, assinalou um retorno aos clássicos da bossa nova, como "Chega de Saudade" e "Desafinado". O CD, uma homenagem à música de sua juventude, foi produzido por Caetano Veloso.
Intercaladas com estas gravações em estúdio, surgiram também gravações ao vivo, como Live in Montreux, Prado Pereira de Oliveira ou Live at Umbria Jazz.
A última de raras turnês de João aconteceu em 2008 no Brasil, em duas apresentações no Auditório Ibirapuera em São Paulo e tiverem todos os ingressos vendidos em aproximadamente uma hora e no Rio de Janeiro, para uma apresentação no Theatro Municipal, o mesmo aconteceu. Nos concertos de São Paulo as grandes surpresas foram a execução de canções não antes registradas por João, como 13 de Ouro, Dor de Cotovelo, Hino Ao Sol / O Mar, Chove Lá Fora, Dobrado de Amor a São Paulo, e uma música inédita de sua própria autoria, em homenagem ao Japão.

CURIOSIDADES

 De personalidade perfeccionista, em seus shows não tolera celular, cochichos na platéia, ar-condicionado barulhento ou caixas de som desreguladas.
  • Faz raríssimas apresentações e já abandonou algumas delas por falta de silêncio.
  • É considerado um gênio, lenda viva da música popular brasileira. Seus shows quando anunciados tem os ingressos esgotados nas primeiras horas de venda.
  • Em 2009, uma fita com gravações de 1958 de Gilberto vazou na web. Considerado material raríssimo foi recebido com entusiasmo por fãs.
  • Em sua versão em CD, o álbum João, de 1991, trouxe duas faixas-bônus: Sorriu pra mim e Que reste-t-il de nos amours. Isso também aconteceu com o relançamento de Prado Pereira de Oliveira, que incluiu as canções Aquarela do Brasil, Bahia com H, Tim tim por tim tim e Estate, que não entraram no LP original por problemas de espaço. 

Discografia

  • Quando Você Recordar/Amar É Bom - 78 rpm single (Todamerica, 1951)
  • Anjo Cruel/Sem Ela - 78 rpm single (Todamerica, 1951)
  • Quando Ela Sai/Meia Luz - 78 rpm single (Copacabana, 1952)
  • Chega de Saudade/Bim Bom - 78 rpm single (Odeon, 1958)
  • Desafinado/Hô-bá-lá-lá - 78 rpm single (Odeon, 1958)
  • Chega de Saudade (Odeon, 1959)
  • O Amor, o Sorriso e a Flor (Odeon, 1960)
  • João Gilberto (Odeon, 1961)
  • Brazil's Brilliant João Gilberto (Capitol, 1961)
  • João Gilberto Cantando as Músicas do Filme Orfeu do Carnaval (Odeon, 1962)
  • Boss of the Bossa Nova (Atlantic, 1962)
  • Bossa Nova at Carnegie Hall (Audo Fidelity, 1962)
  • The Warm World of João Gilberto (Atlantic, 1963)
  • Getz/Gilberto (Verve, 1963)
  • Herbie Mann & João Gilberto (Atlantic, 1965)
  • Getz/Gilberto vol. 2 (Verve, 1966)
  • João Gilberto en México (Orfeon, 1970)
  • João Gilberto (Philips, 1970)
  • João Gilberto (Polydor, 1973)
  • The Best of Two Worlds (CBS, 1976)
  • Amoroso (Warner/WEA, 1977)
  • Gilberto and Jobim (Capitol, 1977)
  • João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (WEA, 1980)
  • Brasil (WEA, 1981)
  • Interpreta Tom Jobim (EMI/Odeon, 1985)
  • Meditação (EMI, 1985)
  • Live at the 19th Montreux Jazz Festival (WEA, 1986)
  • João Gilberto Live in Montreux (Elektra, 1987)
  • O Mito (EMI, 1988)
  • The Legendary João Gilberto (World Pacific, 1990)
  • João (PolyGram, 1991)
  • João (Polydor, 1991)
  • Eu Sei que Vou Te Amar (Epic/Sony, 1994)
  • João Voz e Violão (Universal/Mercury, 2000)
  • Live At Umbria Jazz (EGEA, 2002)
  • João Gilberto in Tokyo (Universal, 2004)

  
 15/08/2008 - 10h.54

 Em show de João Gilberto, público sussurra e brinca de ventríloquo

LIGIA BRASLAUSKAS
Editora da Folha Online

João Gilberto é uma espécie de mito daqueles que todo mundo deveria ver ao menos uma vez na vida. Ontem, no Auditório Ibirapuera, o rei da Bossa Nova fez um show lindo, perfeito e provocou o público cantando várias músicas conhecidas. Provocou? Sim, provocou, porque o show do João tem algumas regras: não pode falar, não pode rir fora de hora, tem de respirar baixinho, espirrar seria um crime e nunca, jamais, a platéia canta --só se for convidada.
Mas como ouvir ao vivo aquele senhor que toca violão como poucos cantar "O Pato" e ter força para não fazer coro em "qüém, qüém". Eu fiz escondido, mas fiz. Mas não fui só eu não. Como em show de ventríloquo, o público mexia a boca, mas a voz era de João.


 Às 23h28 [o show, previsto para as 21h, começou às 22h38], quando ele cantou "Chega de Saudade", foi o ápice do desespero da platéia. Nas cadeiras próximas à minha, um som parecido com um tipo de prece passou a ecoar no meio da música. Virei-me lentamente [sempre para não incomodar nem o músico nem meus vizinhos de assento] para ver de onde vinha aquele zunzum e percebi que um casal, abraçado e de olhos fechados, sussurrava a letra da música um no ouvido do outro, aparentemente para não ser percebido pelo cantor.
Mas João estava super bem humorado e surpreendeu o público ao ignorar, logo no início do show, a invasão do som de um Windows desligando --aquele "tam dam dam dam estrondeando mais alto que seu violão pelas caixas de som. O público ficou tenso, mas ele, o mestre da Bossa Nova, continuou cantando como se nada tivesse acontecido --que sorte a nossa.
Como na maioria dos shows, ao público é proibido fazer imagens e gravações. Essa restrição em tempos de celular 3G com câmera de 5 Mpixels desperta um jogo de esconde entre fãs e seguranças. A verdade é que quase todo mundo tenta fazer uma imagem do cantor durante os aplausos, quando é mais difícil de ser abordado por um fiscal e a sala fica mais iluminada.
Nesse ponto eu não tive tanta sorte. Na ânsia de registrar o disputado show e de capturar uma simples imagem do cantor no palco para ilustrar a reportagem sobre o espetáculo, minha técnica foi desastrosa. Não é fácil mirar o artista e ocultar o aparelho celular que emana luz delatando o ato aos seguranças e conseguir uma boa foto. Na minha recordação digital, João Gilberto aparece como uma bola de luz branca embaçada. Poderia ser qualquer um, mas eu juro que é ele.

Ligia Braslauskas/Folha Online

Foto de João Gilberto tirada secretamente e de celular durante show do cantor no Ibirapuera

Além de bem disposto, João não estava com pressa: cantou 30 músicas, conversou com o público, contou histórias, arrancou risos, declarou amor a São Paulo dizendo "I love you" e elogiou o hotel Maksoud Plaza, onde está hospedado. Rápido mesmo foi só o trajeto de saída e retorno ao palco na hora do bis, pit stop de 47 segundos, quase que não deu tempo de bater palmas, mas ele foi aplaudido sim, muito e com todo o público em pé.
Após cantar "Garota de Ipanema", música com que encerrou a noite e que o público também acompanhou apenas mexendo a boca, sem dizer nada, ele pegou seu violão e saiu. Aí, sim, deu tempo de oferecer a João um aplauso longo, emocionado e satisfeito. Ele não voltou.

Começa a ser estruturado em Juazeiro-Bahia um mega evento para comemorar os 80 anos do músico João Gilberto, em julho de 2011 - 80 anos Bossa Nova? 80 Years New Bossa. O evento deverá reunir em nossa cidade os maiores nomes da música popular brasileira e convidados internacionais. Shows, oficinas musicais, debates, projeção de filmes históricos, documentários, exposições, palestras e um grande fórum para discutir a uma nova legislação sobre direitos autorais e execução de músicas no rádio e na TV.Gadú, Gal Costa, Maria Bethânia, Ivete Sangalo (MPB) e Marcos Valle, todos serão convidados e deverão estar presentes. Os músicos: Roberto Menescal, Ricardo Silveira, Jorge Helder, Yamandú Costa, Hélio Delmiro, Paulo Jobim, Luiz Brasil, Aderbal Duarte, Hermeto Pascoal, Sérgio Mendes, Leo Gandelman, Jacques Morelebaun, seguidores internacionais da bossa nova:  John Pizzarelli, Jack Johnson, Pat Metheny, David Byrne, Diana Krall, Norah Jones, o maestro Claus Ogerman (arranjador norte americano de bossa nova) a cantora francesa Patrícia Kass, músicos e interpretes japoneses de bossa nova, historiadores, escritores, críticos e produtores de música: Nelson Motta, Tarik de Souza, Cravo Albin, Arnaldo Jabor, Guto Graça Mello, Mazzola e Schiavon, também integrarão o programa extenso de atividades artísticas. Exposições: do pesquisador, colecionador e artista plástico juazeirense Miéccio Caffé, dono do maior acervo de disco-vinil do país, doado ao museu da imagem e do som do Rio de Janeiro, que deveria estar em Juazeiro. Do fotógrafo norte americano David Drew Zigg, responsável pelo concerto da bossa nova no Carneggie Hall de Nova York em 1962 e acervo do jornal Folha de São Paulo.O Armazém Café Hall, Centro Multieventos da Univasf, Centro de Cultura João Gilberto e orla nova serão os espaços utilizados pelo mega-evento que deverá ter o apoio direto do Governo da Bahia, Ministério da Cultura, Funarte, Di Giorgio, Fundação Roberto Marinho, Rede Globo, Banco Itaú, AmBev, Petrobrás, Eletrobrás, Chesf, Codevasf e Prefeitura de Juazeiro.

Em breve mais informações.Um grande beijo a todos! Silvinha.